Qual é o tratamento cirúrgico para sinusite?
O tratamento cirúrgico para sinusite é realizado principalmente através da cirurgia endoscópica nasal, conhecida como cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais (FESS). O procedimento visa desobstruir os canais de drenagem dos seios nasais, remover pólipos ou tecidos inflamados e melhorar a ventilação local, reduzindo os sintomas da sinusite crônica. É indicado quando os tratamentos medicamentosos não apresentam resultados satisfatórios.
Como é feito o procedimento para sinusite?

A cirurgia de sinusite, como a Cirurgia Endoscópica Funcional dos Seios Paranasais (FESS), é indicada para casos crônicos ou recorrentes que não melhoram com tratamento médico. Minimamente invasiva, restaura a drenagem dos seios paranasais, aliviando sintomas como congestão e dor facial. A recuperação é rápida, exigindo cuidados como lavagens nasais. Oferece benefícios como melhor qualidade de vida e menos infecções, com riscos raros, como sangramento ou lesão ocular.
A sinusite é a inflamação dos seios paranasais – cavidades cheias de ar ao redor do nariz – geralmente causada por infecções ou alergias. Pode se manifestar de forma aguda (duração curta, dias ou semanas) ou crônica (sintomas persistentes por 12 semanas ou mais). Os sintomas típicos incluem congestão ou obstrução nasal, secreção (que pode ser purulenta), dor ou pressão facial e redução do olfato. Em muitos casos, a sinusite aguda melhora com tratamento clínico (como descongestionantes, lavagens nasais e eventualmente antibióticos). Já a sinusite crônica envolve um processo inflamatório prolongado da mucosa dos seios e do nariz (por isso também chamada de rinossinusite crônica) e muitas vezes requer tratamentos mais prolongados.
Quando a cirurgia é indicada?
Na maioria das vezes, a sinusite é tratada com medicamentos (como sprays nasais de corticoide, antibióticos quando indicados, anti-histamínicos e lavagens nasais com soro). A cirurgia é reservada para casos em que o tratamento clínico adequado não foi suficiente para controlar a doença. Em geral, considera-se cirurgia nas seguintes situações:
Sinusite crônica refratária: Pacientes com sinusite crônica (sintomas >12 semanas) que persistem apesar do tratamento médico otimizado (uso correto de medicamentos e terapia nasal). Nesses casos, a cirurgia pode restaurar a drenagem adequada dos seios e aliviar a inflamação persistente. Atualmente, a cirurgia endoscópica nasal é vista como o padrão-ouro no tratamento da sinusite crônica resistente aos medicamentos. Ou seja, se após meses de sprays nasais, antibióticos e outros cuidados a pessoa continua sintomática, a intervenção cirúrgica passa a ser considerada.
Sinusite aguda recorrente: Indivíduos que sofrem várias crises de sinusite aguda ao ano, necessitando de antibióticos repetidas vezes, também podem se beneficiar da cirurgia. Especialistas indicam o procedimento quando há sinusites de repetição que comprometem a qualidade de vida e não respondem bem à terapia medicamentosa convencional. A cirurgia, nesses casos, visa corrigir fatores anatômicos ou remover tecido doente que predisponha às infecções frequentes.
Presença de pólipos nasais ou outras alterações: Muitos pacientes com rinossinusite crônica têm pólipos nasais (crescimentos benignos da mucosa) que obstruem os seios. Se houver pólipos, cistos, desvio de septo nasal significativo ou outra alteração anatômica contribuindo para a obstrução, a cirurgia é indicada para remover essas obstruções físicas juntamente com o tratamento da sinusite. Nesses casos, a cirurgia não só trata a sinusite como melhora a respiração nasal ao corrigir o problema estrutural associado.
Vale notar que, embora mais raro, complicações da sinusite também podem demandar cirurgia de emergência. Por exemplo, uma sinusite que cause abscesso orbitário (infecção ao redor dos olhos) ou outras complicações intracranianas pode necessitar de drenagem cirúrgica imediata. Entretanto, no contexto deste artigo estamos focando na cirurgia eletiva para sinusites crônicas ou recorrentes, indicada pelo especialista (otorrinolaringologista) quando apropriado.
Tipos de procedimentos cirúrgicos disponíveis
Existem diferentes técnicas de cirurgia para sinusite, desde métodos modernos minimamente invasivos até abordagens tradicionais. Iremos falar apenas da Cirurgia Endoscópica Funcional dos Seios Paranasais (FESS), pois os demais métodos se tornaram obsoletos com o advento da FESS e o método da sinusoplastia por balão não possui resultados tão favoráveis quanto a FESS.
Cirurgia Endoscópica Funcional dos Seios Paranasais (FESS)
A cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais, conhecida pela sigla FESS (do inglês Functional Endoscopic Sinus Surgery), é a técnica cirúrgica mais utilizada atualmente para tratar sinusites crônicas refratárias e outras doenças dos seios nasais que causam obstrução e inflamação persistente. Nesse procedimento, o cirurgião introduz pelo nariz um endoscópio rígido (um tubo fino com câmera e luz na ponta) que permite visualizar internamente as cavidades dos seios. Por meio de delicados instrumentos inseridos também pelas narinas, são removidos os tecidos inflamados, pólipos nasais e debris que estejam bloqueando os seios, abrindo e alargando as passagens de drenagem. Não há cortes externos no rosto, pois todo o acesso é feito pelas narinas, o que evita cicatrizes visíveis.
O objetivo da FESS é restaurar a ventilação e drenagem normais dos seios da face, preservando ao máximo o tecido saudável. Isso envolve ampliar as aberturas naturais dos seios e remover obstruções, permitindo que o muco drene adequadamente e que medicamentos tópicos (como sprays nasais) atinjam o interior dos seios. Por ser uma cirurgia minimamente invasiva, a recuperação tende a ser mais rápida e com menos desconforto comparada às técnicas abertas usadas no passado. Os pacientes geralmente têm menos dor pós-operatória e menor risco de complicações com a FESS do que com cirurgias abertas tradicionais. Esta técnica, introduzida nos anos 1980, revolucionou o tratamento da sinusite devido aos seus bons resultados clínicos.
Diversos estudos demonstram altos índices de sucesso da cirurgia endoscópica. Em média, entre 80% e 90% dos pacientes obtêm alívio significativo dos sintomas crônicos após a FESS, segundo relatos da literatura médica. Uma revisão de casos aponta taxas de melhora dos sintomas variando de 80% a 98% após a cirurgia, evidenciando a eficácia do procedimento. Na prática, isso se traduz em menos crises sinusais, redução da secreção nasal crônica, melhora na respiração e na qualidade de vida da maioria dos pacientes operados. É importante destacar, contudo, que o sucesso depende também de continuar cuidando dos fatores de base (como alergias) no pós-operatório – a cirurgia cria a via aberta para drenagem, mas o controle a longo prazo da inflamação ainda pode exigir sprays nasais ou outros tratamentos
Durante a FESS, se existirem outras condições associadas, o cirurgião pode tratá-las no mesmo tempo operatório. Frequentemente realiza-se também a septoplastia (cirurgia para correção do desvio de septo nasal) ou a redução dos cornetos nasais (turbinectomia) se necessário, pois essas medidas ajudam a melhorar a passagem de ar e o acesso aos seios, potencializando o sucesso da cirurgia de sinusite. A combinação de procedimentos é decidida caso a caso, baseada nas alterações anatômicas de cada paciente.
Como é a recuperação e os cuidados pós-operatórios?
A recuperação após a cirurgia de sinusite vai depender do tipo de procedimento e das condições de cada paciente, mas em geral é relativamente rápida, especialmente nos métodos endoscópicos. A maioria das cirurgias endoscópicas dos seios paranasais é feita de forma ambulatorial, ou seja, o paciente recebe alta no mesmo dia após o procedimento, assim que estiver bem acordado da anestesia.
Em casa, é esperado um certo desconforto nasal, leve sangramento e inchaço nasal nos primeiros dias, além de congestão (nariz entupido) enquanto ocorre a cicatrização interna. Dores no rosto ou cabeça costumam ser leves a moderadas e controláveis com analgésicos comuns. De fato, a maior parte dos pacientes refere mais uma sensação de “pressão” e entupimento do que dor intensa no pós-operatório.
Nos primeiros dias após a cirurgia, o nariz pode permanecer tamponado (bloqueado com curativos internos), dependendo da técnica e da orientação do cirurgião. Alguns profissionais usam splints ou tampões de silicone para ajudar na cicatrização, os quais podem ser removidos em 1 semana, enquanto outros utilizam materiais absorvíveis ou nem utilizam tamponamento. Independentemente disso, o próprio inchaço interno pode dificultar a respiração nasal no início, mas isso melhora gradualmente ao longo de uma a duas semanas.
Em termos de retorno às atividades, geralmente recomenda-se repouso relativo nos primeiros dias. Atividades leves e rotina de casa podem ser retomadas em poucos dias conforme a pessoa se sinta confortável. Muitos pacientes já conseguem voltar ao trabalho (se for atividade leve/escritório) em cerca de 5 a 7 dias após a cirurgia. Atividades físicas intensas ou que possam aumentar o risco de sangramento (exercícios vigorosos, abaixar a cabeça, fazer força) normalmente são liberadas apenas após algumas semanas – por volta de 2 a 4 semanas, dependendo da orientação médica.
Sempre é importante seguir as recomendações do cirurgião sobre o tempo adequado de afastamento de cada atividade, pois isso pode variar caso a caso.
Para uma boa recuperação, alguns cuidados pós-operatórios são fundamentais. Dentre as orientações comuns dadas pelos especialistas, destacam-se:
Não assoar o nariz ou mexer nas narinas nos primeiros dias. Evitar coçar ou introduzir objetos no nariz. O objetivo é não traumatizar a área operada e prevenir sangramentos.
Realizar lavagens nasais regularmente com soro fisiológico (ou solução salina) conforme prescrição médica
. A irrigação nasal ajuda a limpar coágulos e secreções, mantendo as vias úmidas e favorecendo a cicatrização.
Usar sprays nasais medicados, se indicados. É comum o médico prescrever spray nasal de corticoide no pós-operatório para reduzir a inflamação e prevenir pólipos – essa medida tem evidência de melhorar os resultados da cirurgia
Tomar corretamente os medicamentos prescritos, como antibióticos (para prevenir infecção), anti-inflamatórios ou corticosteroides sistêmicos (para reduzir edema) e analgésicos (para controle da dor), de acordo com as orientações.
Evitar esforço físico e calor excessivo: recomenda-se não praticar exercícios intensos, não abaixar a cabeça abaixo do nível do coração e evitar banhos muito quentes ou ingestão de alimentos/bebidas quentes na primeira semana. O calor e o esforço podem dilatar os vasos e precipitar sangramentos; portanto, é melhor optar por repouso e alimentação morna ou fria nos primeiros dias.
Retornar às consultas de acompanhamento conforme agendado. O médico irá examinar o nariz em intervalos (geralmente em 1 semana, 1 mês etc.) para fazer limpezas internas (remoção de crostas ou restos de secreção, chamado debridamento nasal) e avaliar a cicatrização. Esses retornos são cruciais para o sucesso a longo prazo, pois garantem que as novas aberturas dos seios permaneçam desobstruídas durante a cicatrização.
Seguindo esses cuidados, a tendência é que o pós-operatório transcorra sem problemas significativos. Pequenos sangramentos nasais podem ocorrer nos primeiros dias (manchas de sangue ao assoar levemente ou escorrer um pouco de sangue vivo), o que geralmente é normal. Caso ocorra um sangramento mais intenso, o paciente deve contatar o médico. Também é esperado algum inchaço no rosto ou ao redor dos olhos, que melhora espontaneamente.
A dor pós-operatória costuma diminuir bastante após os primeiros 3 a 5 dias, e sintomas como cefaleia (dor de cabeça) e pressão facial vão aliviando à medida que a inflamação regride. Em cerca de 1 a 2 semanas, o paciente normalmente já sente o nariz desobstruído e percebe melhora significativa dos sintomas originais da sinusite, embora a cicatrização interna completa continue ao longo de algumas semanas adicionais.
Riscos e benefícios da cirurgia
Como qualquer intervenção médica, a cirurgia para sinusite traz benefícios esperados, mas também potenciais riscos. Felizmente, no caso das cirurgias endoscópicas dos seios, os benefícios tendem a superar em muito os riscos quando a indicação é correta. A seguir, detalhamos as principais vantagens e possíveis complicações:
Benefícios
O benefício primário da cirurgia de sinusite é aliviar os sintomas crônicos que não melhoraram com medicamentos, proporcionando ao paciente uma qualidade de vida muito melhor. Após a recuperação cirúrgica, espera-se: redução importante da congestão nasal, diminuição ou desaparecimento das secreções purulentas, alívio da pressão/fadiga facial e melhora do olfato e paladar. Vários estudos documentam altas taxas de sucesso sintomático. De modo geral, cerca de 4 em cada 5 pacientes ou mais apresentam melhora significativa após a cirurgia endoscópica dos seios
Na literatura médica, são citadas taxas de sucesso/melhoria entre 80% e 98% dos casos com a FESS, demonstrando a eficácia do procedimento. Isso significa que a maioria absoluta dos pacientes experimenta benefícios concretos – alguns deixam de ter infecções recorrentes, outros respiram livremente pelo nariz após anos de obstrução, e muitos conseguem até reduzir ou suspender o uso contínuo de medicamentos para sinusite.
Adicionalmente, a cirurgia possibilita tratar causa(s) subjacente(s) da sinusite. Por exemplo, removendo pólipos nasais obstrutivos, drenando material purulento retido ou corrigindo um desvio de septo, a intervenção cirúrgica elimina fatores que perpetuavam a inflamação. Com os seios bem abertos e ventilados, o ambiente torna-se menos favorável a novas infecções bacterianas, o que se traduz em menos episódios agudos no futuro. Muitos pacientes relatam dormir melhor (devido à melhora da respiração nasal) e terem mais disposição após se recuperarem da cirurgia.
É importante salientar, entretanto, que a cirurgia não garante uma cura definitiva de qualquer possibilidade de sinusite. A sinusite crônica é uma condição inflamatória multifatorial – fatores como alergias, poluentes e a própria propensão individual ainda podem causar inflamação dos seios ao longo da vida. A cirurgia trata eficazmente o problema atual e amplia as vias de drenagem, mas o paciente pode precisar continuar com tratamentos de manutenção (como lavagem nasal regular e uso de sprays nasais de corticoide) para manter os seios saudáveis.
Em outras palavras, a cirurgia é parte de um manejo integrado da rinossinusite crônica. Ainda assim, ao remover focos de infecção e obstruções, ela geralmente facilita o controle clínico posterior – medicações tópicas irão agir melhor nos seios abertos e qualquer novo episódio infeccioso terá menor intensidade e será mais facilmente tratado do que antes da cirurgia.
Em resumo, para quem sofre de sinusite crônica ou de repetição, os benefícios da cirurgia incluem: melhora sintomática acentuada (comprovada cientificamente em larga escala), menos infecções futuras, diminuição da dependência de antibióticos e outros remédios, melhoria na respiração nasal e olfato, e prevenção de complicações graves da sinusite a longo prazo (como aquelas infecções que se espalham para olhos ou cérebro, as quais passam a ser muito menos prováveis após o adequado arejamento dos seios). Tudo isso contribui para um ganho significativo em qualidade de vida.
Riscos e Complicações
As cirurgias para sinusite, especialmente as técnicas modernas endoscópicas, são consideradas procedimentos seguros, com baixa incidência de complicações quando realizadas por profissionais experientes. No entanto, nenhum procedimento é isento de riscos. As possíveis complicações da cirurgia de sinusite incluem:
Sangramento: Pequenos sangramentos nasais são comuns no pós-operatório imediato. Em raríssimos casos, pode ocorrer hemorragia significativa durante ou após a cirurgia, possivelmente exigindo intervenções adicionais para estancar o sangramento. Felizmente, sangramentos graves são incomuns devido à boa visualização e técnica cuidadosa na cirurgia endoscópica.
Infecção: Como em qualquer cirurgia, existe um risco de infecção pós-operatória. No caso da cirurgia nasal, infecções sérias são raras, pois os seios já estavam infectados/inflamados antes e geralmente o paciente é coberto com antibióticos profiláticos. Manter os cuidados de higiene nasal e usar os antibióticos prescritos ajuda a prevenir essa complicação.
Lesão ocular ou orbitária: Os seios paranasais estão muito próximos dos olhos. Existe um risco remoto de, durante a cirurgia, ocorrer alguma lesão na órbita (cavidade do olho), nos músculos oculares ou no nervo óptico. Isso poderia levar a distúrbios visuais, como visão dupla ou até perda de visão em casos extremos. Felizmente, esse tipo de complicação é extremamente raro – estimativas indicam incidência bem abaixo de 1% em cirurgias endoscópicas.
Fístula liquórica (lesão da base do crânio): O teto dos seios etmóides e esfenoidais faz parte da base do crânio, próxima ao cérebro. Em casos muito raros, pode haver uma perfuração acidental dessa região óssea fina, causando vazamento do líquor (fluido que envolve o cérebro). Essa condição, embora grave, é pouco frequente (o vazamento de líquor é reportado em cerca de 0,2% dos casos, de acordo com publicações). Se ocorrer, geralmente é reparado imediatamente durante a mesma cirurgia e o paciente recebe cuidados para prevenir infecções como meningite.
Outras complicações raras: podem incluir lesão dos dentes ou do nervo infraorbital (que dá sensação à face), formação de aderências cicatriciais excessivas dentro do nariz (sinéquias) que podem requerer correção, ou reação adversa à anestesia. Contudo, com a preparação adequada e técnica apurada, tais eventos são pouco comuns.
É encorajador notar que as estatísticas globais confirmam a baixa taxa de complicações graves. Em um estudo que analisou quase 80 mil cirurgias endoscópicas dos seios, a incidência de complicações maiores (como as listadas acima, p.ex. lesão craniana, orbitária ou hemorragia grave) foi de apenas 0,36% – menos de 1 a cada 200 cirurgias. Ou seja, 99% ou mais dos pacientes não apresentam problemas significativos além do desconforto normal da recuperação. Mesmo complicações menores têm ocorrência relativamente baixa e costumam ser manejáveis.
Um risco a considerar, na verdade, é que a sinusite pode recidivar (ou persistir parcialmente) apesar da cirurgia, especialmente em pacientes com condições predisponentes. Por exemplo, pessoas com polipose nasal severa ou com alergias respiratórias importantes podem voltar a desenvolver pólipos ou inflamação algum tempo após a cirurgia. Estudos mostram que pacientes com pólipos têm uma taxa maior de recorrência e podem necessitar de novos procedimentos no futuro.
Isso não significa que a cirurgia “não deu certo”, mas que a doença de base continua ativa – por isso o acompanhamento prolongado e o tratamento clínico contínuo (como controle de alergia e uso de corticosteroides nasais) são cruciais. Em alguns casos, uma cirurgia de revisão (nova endoscopia) anos depois pode ser necessária para retocar as áreas que voltaram a obstruir. A necessidade de reoperação varia, sendo menor quando as causas adjacentes estão bem controladas. De modo geral, porém, a maioria dos pacientes permanece muito melhor do que era antes da primeira cirurgia, mesmo se houver pequena recorrência.
Em resumo, os riscos da cirurgia de sinusite existem, mas são incomuns e, na grande parte dos casos, superados pelos benefícios substanciais obtidos. A chave está em uma boa indicação (operar apenas quem realmente precisa), em um cirurgião experiente e em seguir as orientações pós-operatórias cuidadosamente – assim, as chances de sucesso são altas e as de complicação são mínimas. Como reforço, cirurgias nasais endoscópicas são procedimentos de rotina na otorrinolaringologia moderna e, quando realizadas em centros capacitados, apresentam um perfil de segurança muito favorável.
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Conclusão
A cirurgia para sinusite é uma alternativa altamente eficaz para pacientes selecionados – particularmente aqueles com sinusite crônica ou de repetição que não obtiveram alívio adequado com tratamentos medicamentosos. Procedimentos como a cirurgia endoscópica funcional (FESS) revolucionaram o manejo da doença, permitindo tratar a sinusite de forma minimamente invasiva, com excelente resultado clínico e baixo risco. Enquanto a decisão de operar deve ser individualizada (considerando a gravidade dos sintomas e os riscos/benefícios para cada pessoa), as evidências científicas e a experiência clínica mostram que, quando bem indicada, a cirurgia sinusal traz grandes melhorias na qualidade de vida, com segurança e poucas complicações.
Se você sofre de sinusite crônica não controlada ou enfrenta infecções sinusais frequentes, converse com um médico otorrinolaringologista. Ele poderá avaliar o seu caso com exames adequados (endoscopia nasal, tomografia dos seios da face) e determinar se o tratamento cirúrgico é recomendado para você. Lembre-se de que o manejo da sinusite é um processo contínuo – a cirurgia é uma ferramenta poderosa dentro desse manejo, mas o acompanhamento médico e os cuidados diários (como higiene nasal e controle de alergias) continuam sendo importantes mesmo após a intervenção. Com abordagem correta e multidisciplinar, é possível alcançar um alívio duradouro da sinusite e respirar melhor, com saúde e conforto.
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Dra. Danielly Andrade

Sou médica otorrinolaringologista em Belo Horizonte e Nova Lima, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2008, título de Especialista em Otorrinolaringologia pela ABORL / AMB.
Sou especialista em rinologia funcional e estética, área da otorrinolaringologia que estuda e trata os distúrbios do nariz e dos seios da face, como obstrução nasal e desvio de septo.
Especialista em cirurgias estéticas e funcionais do nariz como o procedimento médico para sinusite.
Atuo como médica do corpo clínico-cirúrgico nos hospitais Mater Dei, Socor e Orizonti. Sou preceptora do serviço de especialização em otorrinolaringologia do Hospital Socor atuando na área de Rinologia.